No seu primeiro livro de não-ficção Pós-F, Fernanda Young percorre vários temas como o feminino, o masculino, e pós-feminismo, entre outros.

Não criei expectativas, pois nunca tinha lido nada dela. Porém, confesso que conhecer a Fernanda Young por esta obra talvez não tenha sido uma boa idéia.
O que não gostei foi o quão breve ela foi no geral, e certas opiniões poderiam render muito mais, principalmente quando se trata de uma nova perspectiva sobre um assunto polêmico. Não é só soltar uma opinião e correr, né?
Senti hesitação, o que é compreensível, pois sabemos que certos tópicos só de fazer uma pergunta pode render cancelamento, porém um escritor não pode se esquivar de fazer as tais perguntas difícies e explanar como e porque pensa assim.
Tem também uma hesitação em ir fundo nos particulares, um deles é quando ela diz que “foi muito prejudicada”, por exemplo. Senti como se tivesse chegado no meio do segundo tempo do jogo e não faço a menor idéia do que ela esta falando, já que ela não explicou bem o porque se sentiu prejudicada. Talvez o requisito para entender seja conhecer sua biografia, ou ter lido seus outros livros, conhecer seus anos no Saia Justa, mas para alguém que apenas a conhece como a co-autora dos Normais, confesso que fiquei boiando, como diziam nos anos 80.
Aqui minha crítica é que cada livro deve ser sua própria cápsula para que seja lido, sentido e absorvido por si só.
O ensaio sobre viver numa sociedade onde não precisamos mais do feminismo, onde somos vistos e respeitados independente do gênero, ah, é sonho de vida, claro, mas infelizmente não estamos nem perto disso, e querer queimar etapas não vai nos fazer chegar neste ideal mais rápido. Achei ingenuidade.
Concordo que certas vertentes do feminismo extrapolam e geram polarização, mas não devemos usar esses extremos de qualquer movimento para julgar o movimento inteiro.
Aliás, isso me lembra um excelente artigo que li recentemente sobre a “sensação” que muitos de nós temos — e que as mídias sociais reforçam — de que uma idéia que viraliza na internet se traduz em aceitação geral IRL.
Nossas bolhas no Twitter, Instagram e FB formam uma visão distorcida de mundo e da opinião das pessoas, muitas vezes criando problemas onde eles não existem, ou melhor, só existem para um grupo reduzindo de pessoas. É não julgar o macro pelo micro, sabe.
Escrevo isso aqui porque tive impressão em vários momentos que ela parece levar a sério idéias viralizadas na mídia, mas que estão muito a parte da população na vida real.
Infelizmente não gostei de Pós-F. Mais pra frente pretendo ler outra obra de Fernanda Young, quem sabe dou mais sorte.
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